sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Dia 6 - Óbidos - Sta Cruz

Quarta-feira dia 4 de Setembro 2013




Kms dia:        62,66Kms
Acumulado: 330,9Kms
Custos:          11,35€


Foi uma noite espectacular. De vez em quando um foguete rebentava no ar e os cães passavam pelo menos meia-hora a ladrar. Mas tirando isso, o vento soprava forte lá fora mas nós estávamos protegidos. O local de pernoita foi bem escolhido. 

O campismo selvagem é proibido em Portugal, mas é possível pernoitar sem montar campo, algo que recorro com frequência nas minhas viagens. Uso o bom senso: normalmente pergunto a locais se me podem providenciar um sítio, no jardim, no quintal, na sua garagem. Caso me recusem procuro um sítio não muito perto de localidades, não muito longe de estradas e recôndito o suficiente para não sermos descobertos. Evito zonas de caça, campos agrícolas, zonas de pasto (carraças), terrenos vedados, e matas em alturas de incêndio! Não faço lume nem lavo loiças, é só pernoita mesmo. Por fim, envio um sms para casa com as coordenadas do local. De manhã saio cedo e tomo pequeno-almoço noutro sítio. 

Não deixo nada sem ser agradecimentos, não tiro nada a não ser fotografias e tento deixar o local igual ou melhor do que estava.

Onde pernoitámos era tão agradável e escondido que comemos aqui os cereais descansados...com vista para umas vinhas ao longe a nascente e uns moinhos com as velas a rodar devagarinho (o vento amainou). 

A protecção contra o vento nocturno excessivo

O pequeno-almoço

o local de pernoita

À saída reparámos no placard da ERA!

Seguimos a estrada para Serra D'El Rei...vazia

Os moinhos começam a ser presença assídua a partir daqui

Descemos a M573 até à N114. Estávamos perto de Casal de Arrifes. A nacional estava deserta àquela hora da matina. Fomos ao único café aberto, numa bomba de gasolina. Utilizámos o "serviço 60" (pagamos 60 cêntimos por um café, utilizamos a WC e enchemos as garrafas de água ;o)

Na N114 dá para rolar bem. Tem um ar "real"...pelas construções, as manchas de árvores imponentes, os nomes. Subimos para Serra D'el Rei e depois descemos até Atouguia da Baleia onde o Hostel Geeko chamou a nossa atenção (gosto de geekos). Aqui perguntámos a 2 senhores como era a entrada em Peniche. Aparentemente temos mesmo que utilizar a IP6 nos últimos Kms se quisermos entrar por leste. A outra opção era seguir até ao Baleal e fazer a sua marginal até Peniche. O Gugas queria ir já para Peniche (acho q está a ficar alérgico a subidas!). 

Seguimos pela IP6 e entrámos na auto-proclamada "Capital da Onda". O surf é a nova bandeira do nosso litoral, especialmente depois do recorde do McNamara. A verdade é que em Peniche, no Baleal, em SuperTubos, etc., existe quase sempre ondas, pois são promontórios com costa tanto para norte como para sul e Oeste. Uma boa aposta portanto. Vêm-se muitos estabelecimentos virados para o surf, acomodação e restaurantes novos. Muitos de estrangeiros. 

Em Peniche estivémos a descansar perto do Forte onde o Gugas já tinha estado num acampamento de escuteiros. Seguimos para sul pois queríamos ir para uma praia. Só parámos na praia da areia branca!!! 

Fui a banhos. Estava mesmo boa, fria o suficiente para "esticar as peles" e dar boa sardinha e não tão fria para me impedir de entrar. Ondas fortes e salgadas. O Gugas estava mais interessado em brincar na areia, pois estava ondulado demais para ele. 

Tomámos um duche nos chuveiros do paredão e cozinhámos por lá. Aproveitámos as sombras de uma esplanada e o wi-fi para descansarmos à tarde. O dia estava a correr mesmo bem. Estávamos na parte final da viagem, e estávamos a apreciá-la. Hoje pretendíamos dormir em Sta Cruz como tinhamos previsto antes de começar a viagem e o contacto do Morten e da Mafalda via Warmshowers estava garantido. Uma cama e companhia de outros cicloturistas era a cereja no topo do bolo!

Já aqui tive!

Lindo ou quê?

Qualquer sítio é bom para brincar!

Molho leste e SuperTubos

Boa vida na Areia Branca

Não parece mas estavam ondas...o salva-vidas estava atento!

Picnic no paredão

No topo do paredão a praia da foz do Rio Grande 
(o mesmo que passa pela Lourinhã)

Esta vida de viajantes está a dar cabo de nós!

Falando com vários locais apercebemo-nos que não tínhamos de voltar atrás e passar a ponte sobre o rio para apanhar a ciclovia que nos levaria à Lourinhã. Podíamos passar uma ponte pedonal logo ali, fazer uns metros na areia até a um aeródromo de terra batida e apanhar o seu princípio logo ali na praia! Olha que bom. 

Assim nos disseram, assim fizémos. Quando chegámos à parte de areia é que foi o busílis. Ainda era um troço lixado, com subida e tudo. Carregar as bicicletas pesadas não é uma pêra-doce. A roda da frente tende a enterrar pelo que temos que levantar as bicicletas. Lembrei-me de utilizar a fita, mas em vez de uma bicicleta rebocar a outra, o Gustavo ficava à frente a puxar a bicicleta (tipo cavalinho) e eu levantava-a e empurrava. E não é que funcionou às mil maravilhas? Fizémos isso para as duas e não tarda estávamos no aeródromo a ver um parapente a aterrar com um soupless fenomenal. 

Seguimos sempre a ciclovia vermelhinha, umas vezes com candeeiros em cima da faixa de rodagem, outras vezes fora, com muitos sinais de perca de prioridade, um sinal de estrada sem saída (apesar de ter saída) mas com um percurso agradável por campos cultivados cheios de abóboras!

Na Lourinhã fomos aos Correios pôr os postais que tínhamos escrito em Pedrógão!! (da próxima levamos selos, pelo tempo que demoramos a comprá-los). Comprámos uns pasteis de nata quentinhos para oferecermos aos nossos hóspedes em Sta Cruz e fomos ao museu da Lourinhã. Para ficar de olho nas bicicletas não fui. Dei o telefone ao Gugas, marquei uma hora para ele sair e deixei-o fotografar o que queria. Apareceu ainda antes da hora marcada e com montes de fotos. 

Vimos uma loja de brinquedos que tinha uma exposição da Playmobil muito engraçada antes de seguirmos para sul. 

Gostámos da Lourinhã, mas para sair dela àquela hora foi complicado. Informações contraditórias ditas por pessoas diferentes, muitos carros, sinalética mal colocada, nada ajudava.

Foi sempre a subir pela N247 (uma estrada que nos acompanharia até Sintra) até Ribamar (não a da Ericeira) e depois uma descida LOUCA até Maceira (tive que substituir as pastilhas de travão quando cheguei a casa), seguida de outra subida e descida descomunais até Porto Novo. A ribeira que desagua nesta localidade segue ao longo de um percurso bastante sinuoso. É bonito, mas pagamos com as pernas. ;o)

Estamos numa zona com águas especiais, e sinais de termas nas placas da toponímia local abundam. Estamos perto do Vimeiro certo? 

Íamos sendo ultrapassados por carros a rebocar atrelados de transporte de cavalos, isto porque em Porto Novo havia uma prova de hipismo. Lembrámo-nos do primo Gonçalo que vai para Alter do Chão estudar para seguir a sua paixão por cavalos. Gostaria, de certeza, de estar aqui connosco!

Cycling the great wall (paredão ;o)

O percurso de areia até ao aeródromo

A técnica do cavalinho!

No aeródromo vimos um parapente

A aterrar em estilo

Uns candeeiros na faixa

Outros nem por isso

Passando por campos de abóboras

À primeira vista podíamos pensar que não tinha saída...mas tem

3 clientes, 3 empregadas, quase 20 minutos à espera!

As fotos no museu

Mais uma

À porta do museu

Um mega playmobil

Rotunda à saída da Lourinhã

Aqueles montes que se vêm são a margem esquerda 
da ribeira que desagua em Porto Novo

Prova hípica em Porto Novo


Sinais novos

e o tempo a ficar melhorzinho (menos nublado) para sul

Na praia Formosa onde combinámos com o Morten e a Mafalda

Já fresquinho, apreciámos o pôr-do-sol

enquanto as bicicletas descansavam

Exposição engraçada com os animais autóctones

YEAH!


Muitas retas até chegar a Sta Cruz, outras mais para chegar ao extremo sul, mais propriamente ao estacionamento da praia Formosa, onde tínhamos combinado com o Morten e a Mafalda. Esperámos um pouco e aproveitámos para lanchar quando chegou a Mafalda de bicicleta. Tivémos que voltar atrás no seu encalce até sua casa. À nossa espera estava o Átila e o Morten. O Gugas adora animais, como qualquer puto e o Átila é um Pitbull espectacular. Brincaram que se fartaram. Estavam os dois contentes por se terem encontrado. 

Jantámos um esparguete à bolonhesa (ótimo para ciclistas) e ficámos na mesa à conversa com um vinho nos queixos. Falámos de viagens antigas e previstas, da promoção da bicicleta por cá e noutros países, de como é viver nos Açores, como será em S. Tomé e Princípe, da vertente semi-profissional de ciclista de estrada do Morten na Dinamarca, como o seu patrão norueguês lhe ofereceu uma bicicleta de montanha para que estivesse em forma e desta forma não ficasse de baixa, de como pegou nela e veio a pedalar pela Europa toda, das suas viagens com a Mafalda, do warmshowers e das boas experiências que promove. 

Gostámos bastante de termos estado com este casal (e cão) super simpáticos e hospitaleiros. Ficou a promessa do Morten dar-me a receita de pão dinamarquês que devorámos e de nos encontrarmos mais vezes! Afinal de Sta Cruz a Lisboa é um tirinho...mesmo de bicicleta!

Lá fomos nós atrás da Mafalda

O Átila e o Gugas

Inseparáveis

Bela recepção


Xixi e cama, num sotão confortável em Sta Cruz.

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Dia 5                                                                                          Dia 7








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