quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Dia 5 - S. Pedro Moel - Óbidos

Terça-feira dia 3 de Setembro de 2013



Kms dia:      68,26Kms
Acumulado: 268,24Kms
Custo:        34,3€


O dia "acordou" um pouco mais tarde que o costume. Demos algum tempo para recuperarmos o corpo da estica do dia anterior, da paragem de digestão do Gugas, e havia vontade de preguiçar mesmo. Estivémos por um triz para ficar aqui mais um dia, mas não ficámos. 

A roupa ficou mais tempo a secar, nós apreciámos o pequeno-almoço com outra outra tranquilidade, arrumámos as bicicletas com calma. Tanta calma, que deixei ficar o chapéu algures! Mas as pilhas do GPS que ficaram a carregar a noite toda na tomada dos ferros de passar a roupa ainda lá estavam e vieram. 

Pagámos o camping e atravessámos S. Pedro de Moel, que também parecia preguiçar. Retomámos a ciclovia atlântica. Estávamos bem-dispostos e jogávamos às "lendas"...temos que inventar uma história que justifique a escolha do nome de uma terra. Granda fartote: S. Pedro gostava de moelas...e só parou de chover qdo os habitantes desta terra (que ainda não tinha nome) fizeram bastantes para que pudesse comer. Ficou S. Pedro de Moel com o tempo!! 

Mais à frente encontrámos um grupo de BTTistas de Mafra que estavam a fazer Porto-Mafra, mas em 4 dias! Pessoal bem disposto e que fartou-se de dar os parabéns ao Gugas. Ainda pedalámos em conjunto, mas o Gugas quando está com companhia tem tendência em pedalar mais rápido...mais rápido do que as próprias pernitas. Lá ia ele a médias de 20Km/h...claramente muito superior à média de 13,5Kms/h dos dias anteriores. Já em Badajoz aconteceu isso.

Estava a saber bem

Até mais tarde

A costa a seguir a S. Pedro de Moel

do mesmo sítio mas virado para sul

O grupo de BTTistas de Mafra

Eram 3 adultos e um rapaz! 
Tinham feito 170Kms no dia anterior!
Crazes.

No mapa tínhamos um desvio na ciclovia em Vale de Paredes. Chegando a esta terra percebemos porquê: é um rasgo na paisagem, uma linha de água que criou uma praia na sua foz. Um lugarejo engraçado, muito provavelmente com variações demográficas sazonais brutais. Descemos até à praia, o que invariavelmente nos obrigou a subir logo a seguir. A subida era descomunal e apanhámos os nossos amigos Mafrenses que me ofereceram um café. Infelizmente recusei pois tinha acabado de beber um e tínhamos uma subida do caneco para fazer (com as biclas à mão). Ainda tivémos que nos desviar em pleno esforço de um casal de caravanistas alemão estava a tomar o pequeno-almoço em pleno passeio...na boa! Ele há cada um com uma granda lata. Ainda reclamei em inglês mas creio que as minhas palavras ecoaram dentro da caravana e foram devolvidas com a mesma velocidade. Não gosto quando um suposto "viajante" se arma em "turista".

A subida deu até perto do parque de campismo. Aqui recomeçava uma ciclovia que contornava o dito parque acabando na ciclovia original. Uff. Continuámos caminho. Desta vez foi tempo de contar a lenda de D. Fuas Roupinho e irmos brincando com esse assunto. Não tarda estávamos no sítio. Qual sítio? o sítio!

E éramos nós a chegar e o grupo Mafrense a sair! Sempre na bisga e espantados com o andamento do Gugão. 

Ficámos aqui a apreciar a vista, a tentar contar as saias das nazarenas, a visitar a ermida, à procura da marca das ferraduras do cavalo de D. Fuas, a ver as pessoas que pareciam formigas na praia da Nazaré, a ver os elevadores a cruzarem. Curtimos o sítio!

E lá fomos a descer até à Nazaré.

Passadiços curiosos

O que desce...

No sítio

A ermida que D. Fuas Roupinho mandou erigir em 1182

"Onde o gajo travou" ;o)

Muy bonito

A estrela da companhia

A Gaivota a olhar para as formiguinhas

McNamara não foi o único a conquistar a Nazaré!

Up & Down

A descida foi tão inclinada e estávamos a ser seguidos por um camião que seguimos em frente e nem fomos à Nazaré! :o(

Seguimos pela N242 com muito tráfego até atravessamos o rio Alcobaça, pois vamos pela antiga. Esta estrada tem uma curva apertadíssima que começa a subir a serra. Ficámos baralhados e nos minutos em que tivémos a verificar o mapa mais 4 ou 5 carros incluindo um autocarro cometeram o mesmo erro e ficaram por ali a tentar perceber qual o caminho a seguir. Uma senhora mandou-nos por uns caminhos rurais até Famalicão (não a do norte) e depois seguir a N242 até S. Martinho. Somos bem mandados e lá fomos.

No cruzamento do caminho rural com a estrada nacional fomos à chinchada: já começavam a aparecer as mui apreciadas pêras rocha do Oeste. E uns tomatitos que lá estavam a olhar para nós! ;o)

Daí até a S. Martinho do Porto foi um tirinho onde parámos no intermarché.
Ao sair da bicicleta rasguei os calções todos :o/ Eles eram velhos, mas pensava que aguentavam a viagem, pelo menos! 

Prendemos as bicicletas e de repente apareceu um casal de bicicleta. Eram a Patti e o Gary, americanos do Colorado, mais precisamente da cidade de DEL NORTE. Vinham em duas 29er com a carga minimalista. 

Pára tudo...Eis alguma informação útil para tentarem perceber como me senti quando os vi:

  1. Eu sou fã das Salsa Bikes (tenho uma Mukluk Ti na minha wish list ;o) e leio o seu blog pois falam muito de bikepacking e aventura. As suas bikes e a forma como arrumam o material minimalista nelas, promovem a aventura de bicicleta. 
  2. Existe um trilho que atravessa a América do Norte, desde o Canadá até ao México chamado The Great Divide. São quase 4500kms de trilhos por montanhas, planícies, neves, desertos, etc., brutal. E este trilho passa pela cidade de Del norte no Colorado! 
WOW...tinha tanta pergunta para fazer, queria ver como eram as suas bicicletas e como estava o material arrumado. Mas a sua curiosidade era mútua ao ver o Gugas com a sua pokémon carregada e eu com uma xtracycle também carregada (conheciam a xtra!). Apresentámo-nos, resumimos as nossas viagens (nós vinhamos de Aveiro, eles de Copenhagen!!!, nós íamos para Lisboa, eles também, mas para apanhar o avião para o PERÚ!!). Ás tantas já nem nos lembrávamos que estávamos ali para fazer compras!
Entrámos dentro do supermercado e quando saímos já tinham desaparecido! Ora bolas.

Fiquei com o bichinho do BTT, algo que deixei desde que recomecei a andar de bicicleta, mas cuja vontade de pegar uns trilhos e acampar em autonomia vai aos poucos crescendo dentro de mim.

Fomos até à praia, mais precisamente a um jardim do lado norte da "concha" natural que é a baía de S. Martinho para almoçar. Aqui aproveitámos para secar a roupa (parecia uma feira). O Gugas foi a uma feira do Livro enquanto bebia um café e veio de lá com um livro para ler durante a viagem. 

Aproveitámos o resto do tempo para tomarmos umas belas banhocas até levantar um ventinho menos agradável. Lavámo-nos com água doce, lanchámos e seguimos caminho pela ciclovia ao longo da praia. Ainda oferecemos o que nos restou da meloa a uma senhora que lhe chamou um figo!

E assim lá se vão uns calções!

O Gary e a Patti nas suas mulas de carga

A praia de S. Martinho...estava um dia espectacular

Umas sandochas para podermos ir ao banho

Olha a feira de carcavelos!!

LIXO!

Parecia um croquete

Lanchámos uma meloa entre os 2! 

A despedida do bem-bom


Íamos nós pela tal ciclovia e um pouco mais à frente entra nela um senhor numa bicicleta. Estava de phones e andava aos ziguezagues...numa de descontra total. Disse ao Gugas para assinalar a sua presença com a sua campainha-tubarão. Ele bem que tocou, tocou, depois toquei eu e quando o homem nos ouviu o que fez? virou mesmo para cima do Gugas, fazendo-o cair quase para via! Que nabo! O Gugas levantou-se e o homem muito atrapalhado despejou meia garrafa de água na perna dele esfregando que nem um maluco. Isto com uma cara de espanto nossa! Perguntei-lhe o que estava a fazer pois o Gugas estava a ficar preocupado e já tinha a meia toda ensopada! Aparentemente queria amenizar a dor do rapaz, que não tinha e ainda pediu para esperarmos pois ia buscar tintura de iodo! Ele há com cada um. Agradecemos mas não era necessário e seguimos...para bem longe. 

A ciclovia acaba abruptamente (para não variar) e seguimos na nacional por Salir do Porto. À nossa direita estavam as famosas dunas de Salir, que segundo a wikipedia tem cerca de 50 metros e já li algures que eram as maiores dunas de Portugal. Se são não sei, mas já a desci a correr e é uma sensação brutal!

A ciclovia do Atlântico seguia pela estrada que subia a serra...a Estrada Atlântica, pelo menos era o que nos dizia o mapa, mas nada assinalado in loco. Lá subimos e depois da praia foi uma subida que custou muito. Lembrei-me que tinha comigo uma cinta e aproveitei para testar um reboque com cinta. Foi o que fizémos e deu um jeitão. Só o fiz pois estávamos os dois a levar as bicicletas à mão!

Mesmo no cimo aparece o sinal da ciclovia pintado no chão. BOA. 
A vista para o mar para oeste era excelente e para nascente víamos uma outra serra com um grande vale pelo meio. Não era a via atlântica mas seria uma boa alternativa para seguirmos. Pelo menos era o que o Gustavo dizia, enquanto maldizia a subida. Como tinha estado na Foz do Arelho com o avô à pouco tempo, não fazia questão de seguir pela serra e por isso fizémos um atalho até ao Nadadouro.  


Aqui pretendíamos seguir por caminhos secundários até um conjunto de trilhos da Câmara de Óbidos que faziam o perímetro da baía até à margem oposta à Foz do Arelho. Como o dia ia avançado combinámos jantar num parque de merendas e pernoitar de forma selvagem. 

Íamos perguntando a pessoas pelo caminho e uma senhora disse-nos para subirmos uma ASSUBIDA até a um depósito de água..daí era sempre a descer. Ora, acertou na "assubida" mas no sempre a descer ficámos com muitas dúvidas. Perto do rio real, logo a seguir ao aeródromo encontrámos o começo dos trilhos. Prometiam pelo cartaz, mas fomos literalmente atacados por melgas...decidimos seguir por alcatrão no primeiro percurso e reavaliarmos o nosso destino no próximo cruzamento. O próximo cruzamento era no topo de outra mega subida e aqui, como circulávamos devagar as melgas não nos largavam. Mesmo com repelente decidimos que não íamos ser jantar de insecto. Virámos agulhas em direcção à estrada que liga Óbidos a Peniche. 

Um pouco antes do único acidente da viagem 

Salir lá ao fundo...é uma grande subida

O método do reboque

O depósito depois da "assubida"

Estradas simpáticas a atravessar zonas rurais

O começo do trilho e o festim de melgas

Ataque das melgas parte II

O sol a pôr-se lá ao fundo...no mar

Um jantar merecido

Ele estava a sonhar com bacalhau à Brás...eu pedi filetes!

Com o sol quase a pôr-se passámos por um restaurante chamado "o comboio". Achámos que merecíamos um belo repasto e foi isso que fizémos. O Gugas quis sopa! E depois foi bem claro: "quero bacalhau à Brás, tem?"  ;o)

Tinha mais uma vez quebrado o seu recorde: fez 68,2kms num dia. 

Saímos consolados e fizémo-nos à estrada com muito vento e já bem escuro. Descobrimos rápido um sítio porreiro, protegido do vento onde pernoitámos. Ainda ouvi e vi clarões de foguetes festivos (estranho com tanto incêndio no país) mas adormecemos rápido.

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Dia 4                                                                                             Dia 6




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