sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Bicicletas ao alto

A convite do Xavier fui apresentar uma "workshop" (foi uma conversa, mas a malta gosta destes nomes ;o) sobre "Resolução de problemas em viagem". Foi um serão bem passado com a cerca de dúzia de pessoas que estavam presentes!







quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

The man who cycle the world



Mark Beaumont, aventureiro escocês decidiu quebrar o recorde do mundo ao pedalar pelo mundo inteiro. No passado já tinha feito o john o'groats to land's end a solo com apenas 15 anos, por isso a volta ao mundo era o passo a seguir. 
Para quebrar o recorde, Mark tinha que pedalar 18000milhas (28800Kms) consecutivas passando por 2 antípodas, mantendo um log do percurso. E foi o que fez em 2007, após 3 anos de preparação, desde a bicicleta, ao percurso, à alimentação, nada foi descurado e foi tudo filmado por ele e alguns cameramans que iam aparecendo pelo caminho e enviado à BBC. 




Partiu de Paris, passou pela Europa oriental, Turquia, Irão e Paquistão, Índia, apanhou avião para Tailândia e Malásia, novo avião para Perth. Celebrou a metade do percurso completamente isolado na Nullarbor plain onde sofreu uma quebra. Continuou, percorreu a Nova Zelândia até apanhar novo avião para São Francisco. Atravessou os States de inverno. No mesmo dia foi atropelado e assaltado o que lhe quebrou o espírito. Mas sem desistir retomou a viagem, atravessou o Atlântico de novo de avião e aterrou em Lisboa onde fez em 12 dias o resto do caminho até Paris. Chegou depois de 192 dias no selim, recorde que foi apenas batido 2 anos depois.

Não que fizesse uma volta deste género desta forma, tão rápida, mas é um documentário excelente, que mostra as dificuldades no selim, e as alegrias de quem pedala por gosto! Aconselhável!





quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Turismo de aventura em bicicleta pelos países nórdicos


Quem me conhece sabe que tenho um fascínio pelas paisagens nórdicas. Uma viagem para esses lados aquecer-me-ia o coração! Muita beleza natural, frio, música da terra e uma bike!


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Petição nos Estados Unidos




Nos Estados Unidos está a circular uma petição para que o serviço de Parques Nacionais (National Park Service) assegure a estadia a "self-propelled travellers" (viajantes que cheguem pela força dos seus músculos, quer seja a pé, quer de bicicleta, skate, patins) mesmo que o local de campismo esteja cheio.
Arranjar espaço para montar tenda nos parques nacionais dos states pode ser um problema, especialmente se calha a um ciclista chegar mais tarde e todos os locais de campismo estão cheios.

Se esta petição chegasse a vias de facto, os guardas (rangers) dos parques tinham de permitir viajantes que viajassem em veículos sem motor montassem a tenda, mesmo que o parque estivesse cheio! 

Ainda não chegámos lá, mas vamos fazer por isso!




quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Randonneur...

 
Houve uma época em que a bicicleta era o veículo de excepção de muitas pessoas. Falo de uma época após 2ª guerra mundial (antes disso tb existiram tais épocas) que já sofreu a influência do boom económico e dos vários avanços tecnológicos verificados na altura. Numa altura em que tudo crescia muito rápido e era moda criar modas. Uma altura em que o boémio era cultivado, o estilo era bem demarcado e havia "clubs" para tudo.
Uma dujardin de 1948...na ressaca da WWII.

 Pessoas de uma classe social que já tinha posses para ter uma (e apenas uma) bicicleta e por isso a utilizavam para tudo. Pegavam nas bicicletas existentes, lugged frames, rodas grandes e finas e colocavam guarda-lamas e malas no guiador e no banco para viajar, depois despiam-nas desses acessórios para a voltinha do fim-de-semana ou para irem ao café ver as modas. No entretanto usavam-nas para irem para o trabalho. Começaram a deixar montados os guarda-lamas, as luzes de dinamo, o porta-bagagem dianteiro ou traseiro, etc.
Os fabricantes, atentos às modas, começaram a produzir essas bicicletas...

Uma réplica recente montada por Phil Brown

 
Para além destes acessórios começaram a fazer quadros com medidas que permitiam colocar pneus mais grossos (700x30 a 35) de forma a serem mais robustas e seguras com mau tempo e mau piso. Os travões "centerpull" mostravam-se capazes de travar o ímpeto destes jovens randonneurs assim como funcionar razoavelmente com muita lama e chuva.

Uma Réne herse equipada para turismo
 
São bicicletas "rolantes", feitas para rolar muitos kilómetros confortavelmente (não tanto como numa reclinada). Para mim são bicicletas elegantes, práticas, bonitas e ao mesmo tempo performantes.

Um Randonneur nostálgico

Nas férias encontrei duas destas randonneurs francesas encostadas numa loja de velharias.
"O pessoal daqui não quer estas bicicletas, ou compra bicicletas de milhares de euros que pesam só menos 2 ou 3 kilos que esta ou então as do intermarché, que depois nunca andam" - foi a resposta do senhor da loja ao meu interesse.

A amarelinha cheia de pó, numa cave do centro do país!
 
Uma é uma Motoconfort (da motobécane) e a outra uma Lussert. Estou a limpar, desmontar, lubrificar e a afinar a Motoconfort. A amarelinha rola que é uma maravilha! Agora falta completar com algumas peças antigas que faltam e para isso ando a bater várias lojas antigas. 

E ainda vou fazer uns alforges de jeito para a menina. Estas biclas são ideais para um light touring de fim-de-semana...
 
bora?



 

domingo, 14 de outubro de 2012

The distinguised gentleman's ride




O "The distinguised gentleman's ride" é um evento anual que reúne informalmente café racers, ou amantes do estilo num passeio de mota. Aconteceu também em Lx no passado dia 30 de Setembro organizado por amigos da motoexplorers.   

Sem pegar na mota, eu e o Gugas decidimos ser café bicycle racers e fomos num domingo cinzento beber um "garoto" num café de Linda-a-Velha.













"cheers me lad"

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Viajar de bicicleta é para todas as idades, género e tipos de bicicleta!

E a provar isso temos o blog do sr. Augusto Lemos, o "de bicicleta a pedal" que faz o relato de uma viagem do Porto ao Algarve com uma senhora e que acaba com a seguinte frase:

"Ainda não são muitos os que se aventuram a ir por aí fora a pedalar. Muitos pensam que para viajar de bicicleta é preciso uma grande preparação física. É mais uma questão mental. A 15 kms à hora pode-se ir bem longe ... "



Sabedoria de quem adora viajar a outro ritmo e que acabou por inspirar a Bebiana, a Liliana e o Luís a fazerem o mesmo percurso mas em singlespeeds (bicicletas sem mudanças)!!

 
Finalizam desta forma:

"Deixamos aqui o relato porque esperamos poder com isso inspirar outros e, lentamente, levar a sociedade a compreender que, assim como no passado, o futuro passa pela utilização da bicicleta como meio de transporte primordial.
Abraços/Beijos a todos!

Boas pedaladas!

"Apenas de bicicleta conhecerás melhor os contornos de um país, uma vez que terás de subir as suas montanhas e descer à sua costa. Assim, lembrar-te-ás de como realmente são."

-Ernest Hemingway-"



Adoro quando se desmistifica a falácia de que é necessário material XPTO, preparação física acima da média para se poder desfrutar de uma viagem de bicicleta. E blogues destes estão a espalhar-se que nem cogumelos!

Bem hajam


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Moods of future joys & From thunder to sunshine.

 
Moods of future joys
Alastair Humphrey pedalou pelo mundo de bicla e encantou-me pela forma como o fez e escreveu!

O rapaz, já com algumas aventuras de bicla nas pernas e uma atração inata pela aventura, teve a coragem para largar tudo e fazer uma volta ao mundo. Mas a ideia não era essa. Ele saiu da sua Inglaterra natal em direção ao médio oriente. A sua ideia era pedalar o Karakoram e ir até à India. Daí tentava perceber o que queria e decidiria na altura. Só sabia que não queria pedalar por Africa pois o calor e a incerteza de segurança assustavam-no. Acontece que quando ia a sair da Europa e entrar na Asia via Turquia acontece o 11 de Setembro. Apanha-se numa encruzilhada brutal: com passaporte inglês não se iria aventurar a caminho da Asia pelo caminho programado. Apanharia países como o Iraque, Irão, Afeganistão ou Paquistão que estavam completamente fora de hipótese. Seguir pela Rússia era uma aventura de proporções épicas para o qual não estava preparado. Faltava a opção AFRICA que tinha posto de parte ainda antes de partir. Avisou família e namorada que seguiria por Africa e assim foi. Não se arrependeu e até lhe deu vontade de continuar e acabar por dar a volta ao mundo. (desculpem o spoiler). Esta flexibilidade e espontaneidade, somadas a uma escrita fluida pontuada com humor britânico e reflexões pertinentes fizeram-me ficar agarrado a este volume e sonhar com a continuação. Felizmente existe uma continuação: 
From thunder to sunshine
 
 
Este último relata a viagem após a decisão de seguir em frente já na cidade do Cabo. Conta como atravessou as Americas até ao Alaska pela panamericana, atravessou o estreito de Bering e aventurou-se na Sibéria pela Road of bones, voltou à costa para ir ao Japão, voltar ao continente para a China e aí fazer o percurso pelos “estões” até casa. UFF. Não estão cansados?

Alaistar era professor de Inglês (agora dedica-se a aventuras e a superar-se a si mesmo) e contactava escolas locais para apresentar o seu projeto pelo caminho. Chegou a trabalhar numa no Peru. No segundo volume descobrimos que um dos motivos que o levou a realizar esta viagem foi a de descobrir se era capaz de escrever um livro. Eu e muitos outros dizemos que sim. Muitas vezes sentia-me perto da ação sentido as dificuldades, a felicidade, os cheiros e a cor, chegando a rir-me a gargalhadas despregadas com o relato das suas peripécias. Ele conta como pedalando no Salar de Yuni decidiu divertir-se e começou a pedalar apenas com um gorro, as luvas e sapatos. De resto ia nu rindo dos comentários dos jipes que passavam, até que um decide abordá-lo. Atrapalhado tentou vestir-se depressa, mas não evitou o embaraço. Mas isto não era nada, acontece que semanas mais tarde, no Peru encontrou-se com uma professora primária numa escola onde ia dar uma palestra e descobre que professora era uma das turistas desse jipe! Hilariante, aconselho vivamente.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Transporte de Bicicletas nos comboios nacionais

O cicloturismo e a ferrovia são parceiros estreitos. Quer seja para sair de uma cidade densa e complicada, quer seja para evitar caminhos já batidos ou evitar circuitos circulares a deslocação de cicloturistas é feita preferencialmente por comboio. Os comboios são grandes, permitindo carregar bicicletas carregadas sem problemas, são mais confortáveis para longos cursos e é mais fácil conhecer um diagrama de rede de um comboio do que de um autocarro.
 
 
Regional do Algarve em 2009.
 
 
Acontece que em Portugal, circular de comboio não é o mais apelativo:
- Só podes circular em Regionais (tens de desmanchar a bicla toda para levar num IC).
- Não te garantem lugar no comboio pelo que tens de comprar bilhete dentro do mesmo.
- O que pode implicar ficares apeado num sítio que não tinhas previsto (dá um aura de improviso à viagem eheh).
- Ficas dependente da simpatia/humor do revisor.
- Se não tiveres atento pagas mais pela viagem, isto porque em alguns percursos fica mais caro comprar vários bilhetes (um por cada paragem) do que a viagem direta.
- E se te lembras de pedir a fatura, aí então estás tramado!
- Há composições de transporte de carga cuja porta ficam a uns bons 1,5 metros.
- Já me tiraram a bicla do vagão de carga pelos cabos.
 
Santarém (duh) em 2011
 
 
Enfim, é a política da empresa (CP) que não minha opinião tem a componente decisória muito afastada da componente operacional, o que causa um funcionamento pouco prático.
 
Estação do Barreiro no Natal de 1994
 
 
Por estas razões e pela vontade de ver este assunto melhorado no futuro o blog roadbook tem a alegria de vos apresentar uma petição pública criada pela MUBI.
 


 
Cool hein?

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Toca a viajar minha gente...

...de bicicleta, obviamente.

Depois de ter hospedado o Remi,


Ó pó Remi, a posar pá foto!
apanhei o Étienne e a Gabriela que vinham de norte e iam para o Montijo fazer a ecovia1...

Allez pour la Ecovia1!

...e a caminho do Seixal, o Ty e o Ben, americanos de Austin, Texas a caminho de Sevilha!

Check the road here dudes.

E ainda por aí um casal de italianos a fazer um tour que lhes recomendei, que será a minha próxima viagem!

Quando tiver mais info sobre esta volta posto.
Boas férias...e pedalem muito!

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Azub Bufo - uma reclinada para o dia-a-dia

A primeira vez que vi uma reclinada foi no longínquo ano de 93, num Inter-rail quando passava pelos países baixos. Eram bicicletas estranhas para mim, onde o ciclista ia quase deitado, a pedalar por vezes muito baixo e ainda por cima com guiadores por baixo do selim. Selim que não era selim, mas sim uma autêntica baquet desportiva. As reclinadas ou recumbentes na língua de Shakespeare, eram para mim, o que provavelmente são para muitos, algo freak no mundo das bicicletas, um capricho de alguns ciclistas que não contentes com o design quase perfeito da bicicleta “normal” (o quadro em diamante ou safety bike), queriam algo diferente, sobressair da massa e andar em algo sui géneris.

Foi só no passado ano de 2011 que li um livro sobre estas bicicletas - The Recumbent Bicycle, de Gunnar Fehlau -  e fiquei a aprender que as reclinadas por si só são um mundo!


Bem tentaram colocar uma míuda gira (vá) na capa,
mas o pormenor da meia branca com sandália não ajuda a vender ;o)

O livro relata desde a história das reclinadas, os princípios de física que levaram a esta geometria, a questões de ergonomia, a sua eficácia, a utilização em competição e no dia-a-dia, etc., etc. É muito completo e super interessante. Fiquei a saber, por exemplo, que nas reclinadas o factor aerodinâmico é tão preponderante que é possível acrescentar peso com uma mala em forma de gota ou um vidro e ganhar velocidade ou tempo. Já nas bicicletas quadro de diamante, para ganhar eficácia tens de trabalhar mais no peso (e resistência) dos materiais, o que retirava competitividade a pequenas empresas na competição, acabando por apostar nesta geometria. Estes pequenos produtores importunavam tanto, que a UCI acabou por retirá-los da competição, homologando apenas bicicletas standard. Aliás, em corridas mistas, que acontecem hoje em dia pela Europa e Estados Unidos, as reclinadas têm muito sucesso. Já a posição de condução mais relaxada permite andar mais com menos esforço e menos cansaço, nomeadamente nos punhos, pescoço e costas. E a quantidade de bicicletas e triciclos diferentes que existem? Desde altos, a baixos, com roda à frente da pedaleira, outras atrás, com duas rodas à frente ou duas atrás no caso dos triciclos. Há para todos os gostos e feitios, que o diga o Bruno Botelho, que tem um excelente post na língua de camões sobre as reclinadas.

Até onde podem chegar as reclinadas!

Toda esta informação começou a inquietar-me e decidi que tinha que experimentar uma. Foi quando vi uma AZUBBufo na Cenas a Pedal e decidi alugá-la para um drive-test à minha maneira. Para começar, esta reclinada vinda da Republica Checa é LINDA.

Bandeiras ao alto!
Muito bem feita, é composta por um tubo único de onde deriva o eixo traseiro a partir de metade, e em cujas extremidades saiem o suporte de bagagem e o eixo pedaleiro. Isto permite adaptar a bicla a ciclistas de várias estaturas (de 1,5m até 2m segundo o site). O banco também é adaptável em dois pontos permitindo afastá-lo mais ou menos dos pedais, assim como levantar ou baixar mais o banco. Vem com rodas de 20”, para melhorar a agilidade em cidade e os arranques, e um guiador do tipo “hamster”. Outro capítulo em que as reclinadas são mestres em leques de opções é no guiador: “à super-homem”, “tipo hamster” ou por “baixo do assento”, são as que me lembro assim de repente.
O IPS - ou Ideal Position System...

...significa que é possível escolher
entre milhentas combinações.

Peguei na bicla, sentei-me e tentei pedalar. É como aprender de novo a andar. Para já convém termos uma mudança baixa e começarmos numa zona calma. Lá estava eu no Rato, uma via a subir e extremamente concorrida! Mas vá. Dei uma, duas pedaladas e depois de encarreirar dá para continuar. Cada pedalada obrigava o corpo a contrabalançar o que resultava num ziguezaguear irritante. O facto da Bufo ser uma SWB (Short wheelbase, ou seja tem a roda da frente entre o assento e o eixo pedaleiro) e ainda por cima ter a direção direta direta à roda, quer dizer que é extremamente nervosa.

A posição da roda da frente.

Cheguei à rotunda da Estrela e subi até parar no semáforo. Estava cansado dos braços por causa do guiador tipo hamster. Andava com os braços como um T-REX, o que é cansativo, mas tinha a vantagem de ser bastante semelhante a um guiador standard (acreditem, quando se começa a pedalar numa reclinada em que tudo é diferente, qualquer semelhança com as biclas a que estamos habituados desde míudos é uma tábua de salvação). E tinha outro problema para mim. O guiador rebate para que se possa sentar sem obstáculos. Isto quer dizer que não podemos utilizar o guiador da mesma forma que noutra bicla, ou seja para empurrar quando não pedalamos, etc. e a força do hábito é tramada.
O pormenor das mãos à T-REX!

Assim lembrava-me que o guiador não é fixo!

A primeira reação que tive no semáforo, enquanto descansava e tentava conter toda a alegria misturada com nervosismo de estar a experimentar um brinquedo novo, foi de ser alvo dos olhares de toda a gente. Uma reclinada não é aconselhável a tímidos. Eu que estou habituado a que estranhem a xtra e façam perguntas já me estava a sentir incomodado. Do semáforo segui para a Infante Santo: aquela mega descida foi surpreendentemente divertida com a azub obstante a roda ser nervosa, o guiador cansativo e eu estar demasiado deitado para o meu gosto. As “bocas” começavam a ser refinadas: “ó alentejano”, “assim também eu”, “deitado é que é”, etc. (como se andar deitado me livrasse de pedalar!).
Alentejano?

Chegado a Alcântara decidi apanhar o comboio. Uma bicla para o dia-a-dia que se preze tem de ser compatível com os transportes públicos. O tamanho das reclinadas é, regra geral, superior às restantes, mas esta é uma SWB e tem rodas de 20’’. Resulta numa reclinada compacta, ligeiramente mais comprida que uma roda 26’’ “normal”. Duas coisas que temos que ter em conta: não existe um guiador alto e fixo para agarrar a bicla (o tal problema em que resolvi colocando uma serrilha de plástico para me lembrar que o guiador não era fixo). O ponto mais alto é o assento (a parte onde se pode colocar um acessório útil que é um suporte para o pescoço) e é aí que devemos agarrar. A segunda coisa é que ao rodarmos a roda, a frente não roda e é uma roda dentada ou um pedal. Muitos sustos preguei eu a outros utilizadores dos transportes públicos.

A Bufo nos transportes

Compatível, tal como uma bicla não reclinada.

Enquanto esperava pelo comboio admirava a bicicleta, da cor da areia. Esta vinha equipada com um suporte de bagagem e uma mala de generosas proporções e uma bandeirinha que ajudava a que nos vissem melhor. Tentei colocar o banco menos deitado e não tarda estava sentado tal e qual num carro e até o guiador cansava menos nos punhos. De salientar o conforto do banco, o conforto da posição que, não sendo tão alto como na outra bicla que tenho, permite visualizar perfeitamente bem o que nos rodeia. Aliás, estava à altura da maior parte dos condutores de carro. Olhar para trás é mais problemático, mas resolve-se com um pequeno espelho.

O espelho resolve o problema da dificuldade em olhar para trás.

Os pescadores ficaram a olhar para a ginga e pó "gajo que vai deitado".
(esta foto vendia melhor que a míuda da capa do livro não acham?)

O próximo desafio seria uma subida de respeito. Até casa tenho que palmilhar 2 kms de subidas que até se fez bem de reclinada. Segundo os ergonomistas, utilizamos os maiores músculos da perna nesta configuração, para além de que cada pedalada era apoiada nas costas pelo banco. Foi esta a razão principal para o invento da reclinada, seguida pelo conforto. Eu acrescentava a diversão: à medida que ia ganhando o jeito, mais divertido se tornava. E em linha recta ou descida notava-se o papel da aerodinâmica: era fácil esgotar as mudanças mais altas. Conseguia fazer médias superiores à bicicleta normal na Av. da Índia.

Num estacionamento em "U"
Recomendo vivamente que experimentem uma reclinada. Muita gente utiliza este tipo de bicicleta para desporto, pela sua eficácia, chegando mesmo a cobrir com uma pequena carenagem e bater recordes de velocidade. Outros tantos utilizam-na para viajar pois o conforto e a eficácia permitem que se circule mais com menos esforço.

Uma AZUB Bufo em viagem
outro modelo, sempre muita capacidade de carga e conforto!
No quotidiano é mais difícil encontrar afoitos desta geometria mas existem alguns. Esta bufo é uma proposta do construtor checo para esta realidade, oferecendo rodas mais ágeis e melhores para arranques nos semáforos, para além de acessórios úteis e robustos para o abuso diário.

Só falta a gravata...

A apontar o guiador, que substituído por um por baixo do assento deve ser muito mais confortável, apesar de me parecer mais frágil em caso de queda. Um assento em rede é capaz de ganhar pontos nos dias quentes onde uma maior ventilação é bem-vinda.
Experimentem e digam algo. (cuidado com o que põem nos bolsos) (não me perguntem como sei que a probabilidade de tudo o que tiverem nos bolsos cair é elevada). Fiquei tão fâ que estou a pensar em construir uma, mas de tração frontal, que me parece mais eficaz e mais fácil de construir!

Linda, não é?