terça-feira, 2 de setembro de 2008

De Lisboa a Tomar pelo caminho do Tejo...Ginga. Percurso


Houve actividade no fim-de-semana....


237 Kms de puro "touring"



Relato:


Caminho do Tejo - dia 1



O despertador tocou cedo. Calei-o e virei-me. Acabei por acordar bem mais tarde do que planeei. Saí de casa às 7h30, com a bicicleta carregada em direcção à casa do IVO para ir buscar emprestada uma bolsa para o guiador.Lá estava o Ivo a dormir perto da janela e lá fui eu acordá-lo. Desgraçado! Emprestou-me a dita bolsa que eu prendi na altura ao guiador. Despedi-me dele e fiz-me à estrada às 8h15m.Lá ia em direcção a Algés para fazer o caminho que faço diariamente até ao Cais do Sodré e depois subir até à EXPO.

Que seca, sempre o mesmo caminho pensei. Pera lá...estou de viagem, estou livre, vou fazer outro caminho. Ainda não tinha começado a descer, e foi então que virei a agulha e fiz-me em direcção a Carnaxide, Portela de Carnaxide, Alfragide, Parque de Campismo, ciclovia da radial de Benfica. Aqui ao ver a carrada de carrosque circulavam na 2ª circular deu-me um arrepio na espinha por pensar que estava completamente fora daquele reboliço. Não tinha horários, destino certo, estava mesmo livre!

Daqui segui até à Serafina, Torres Gémeas, Mesquita de Lisboa, Praça de Espanha, Av. de Berna, Av. da Republica, Av. da Igreja. Esta parte de Lisboa sempre me atraíu. Passei por trânsito, poluição, confusão e naquele bairro conseguimos estar mais calmos, envoltos no silêncio possível, ainda dá para ouvir uns passarinhos,mas os inevitáveis carros estacionados estão lá! Passei pelo mercado e a vista para uma esplanada deu-me vontade de contemplar aquele oásis urbano, mas o resto da minha mente estava no caminho do Tejo e decidi adiar aquele desejo. Continuei a jornada e peguei a Av. do Brasil até ao relógio e daí em direcção à (antiga) Batista Russo.Na primeira rotunda, uma senhora vem disparada do centro da rotunda e sem calcular muito bem o meu andamento, passa-me uma razia que, se não travo a fundo levava-me de boleia no capot até ao seu destino. Foi outro arrepio na espinha, mas este acompanhado por suores frios! Segui quase sem pedalar até ao extremo sul da àrea de intervenção da EXPO. Segui pelo interior da mesma até à Pala do antigo pavilhão de Portugal. Aqui supostamente começa o caminho do Tejo, parte integrante dos caminhos peregrinos até Fátima e Santiago de Compostela.



Fui sempre pela costa até à Foz do Trancão onde encontrei o primeiro marco do caminho. Daqui segui ao longo da margem direita do rio até à ponte que o atravessa em direcção à Bobadela. Ao sair da ponte reparo que o caminho sai da estrada.



Fiquei contente, pois não me estava a apetecer subir pela Bobadela acima. O caminho passa por um parque de estacionamento, um estradão em tout-venant e depois trilho.Passei por baixo do viaduto da A1 e fui tranquilamente seguindo o leito do Trancão passando por pequenas explorações agrícolas e trilhos de BTT bem porreiros. Cruzei-me com uns quantos BTTistas que se divertiam e me desejavam boa viagem. O caminho foi sempre assim até uma pequena povoação já perto de Vialonga. Aqui não vi nenhum marco com azulejos ou as setas amarelas que marcam o caminho e decidi ir em direcção à estrada. Aqui segui para norte e no primeiro semáforo partiu-se um raio! Um já se tinha partido faz 2 dias e este era exactamente do lado oposto. Fui até Alverca com a roda toda empenada e pelo caminho errado. Devia ter virado para a Póvoa de Santa Iria e daí até Alverca, acabei por passar pela Sagres, pela entrada para a AE e por um viaduto até à EN10 e Alverca. Sem crise.

Parei na "Moto-avenida de Alverca", após conselhos de locais. Uma loja simpática onde viciados e simpatizantes da bicicleta se reuniam em amena cavaqueira com o sr.....(raisparta a minha memória para nomes) que ia fazendo uma revisão a uma "magrela". Disse-lhe que estava de viagem (é um estado de espírito) e que precisava que me safasse. Disse que não vinha na melhor altura, mas que safava sempre quem estava de viagem! 5 estrelas. A conversa "embicou" nesse sentido e fiquei a saber que um Alverquense tinha acabado de chegar do "Cape Epic" e a sua t-shirt estava lá estampada. Pediu-me 1€ pela reparação, ao qual lhe respondi com 2€, sendo que tinha que ser usado num café a pelo menos 100kms dali e num passeio de bicla ;o).


Logo ao lado estavam 2 velhotes a depenar uns pombos, "para o petisco", e a seguir bebi um cafézinho numa pastelaria simpática. Aquela rua de Alverca ficou no meu coração.

Segui caminho que se fazia tarde. Fui na N10 até Vila Franca de Xira. A proibição da passagem de camiões nesta cidade é uma maravilha, pois naquela estrada apertada e ladeada de instalações fabris, não são os nossos melhores amigos. Tirei uma foto à frente da Taurina, numa montagem onde o toureiro de bronze faz a lide à minha GT Timberline, a "Timberlina" ou "Lina" para os amigos. eheh

Ia seguindo as setas e sentia-me perseguido pela moça da Coca-cola que, de bikini e num cenário idílico, propunha beber esse refrigerante com gelo e limão! Consumir hasta morrir e é bem verdade. Na minha cabeça a sensação de beber uma coca-cola com limão ia ganhando forma.

Cruzei-me com outro ciclista a viajar que seguia de tronco nu e sem capacete. Acenou-me, continuando a sua cadência rápida em direcção a Lisboa, ao qual respondi. Ia-me fazendo perder um marco que perto de um Lidl nos aponta em direcção ao rio e a uma estrada secundária ao longo do caminho de ferro.

Ia num ritmo agradável. Apanhei um empedrado e virei numa ponte sobre um pequeno ribeiro poluído com a central eléctrica do Carregado à vista. Aqui já se viam campos agrícolas e montes de tomates nas bermas. Passei por uma fábrica de concentrado de tomate e o número de camiões e tractores carregados era brutal. Estavam à espera para poderem entrar e descarregar.Parei perto de um e perguntei se me podia ver uns quantos, na esperança que mos desse. Respondeu que os tomates eram para a fábrica. Ora toma. Devia estar mal disposto, mas eu não e nem liguei.

Passei pela Opel da Azambuja desmantelada que tinha visto na TV e numa rotuna virei à direita em direcção à REAL VALA. Entrei na Lezíria Ribatejana e bem se notava. O fluxo de trânsito diminuiu drasticamente e o cheiro no ar já estimulava o olfacto.Tirei uma foto em cima da ponte que cruza a real vala e deu-me para ver lá em baixo, na berma um dos marcos. Olha...vai por fora de estrada! nice! Pouco depois da ponte virei num estradão e segui as setas. Se não tivesse parado para a foto era capaz de não ver este caminho! Nos relatos que li na net não falavam nisto! Porreiro.

Fui sempre pelo meio de tomatais, milheirais, apanhei uma molha de um aspersor e passei por uma zona inundada, onde os pára-lamas fizeram o seu serviço. Fui à chinchada do tomate (ORA TOMA), e reparei que a recolha do tomate feita industrialmente arranca os pés do tomateiro sem dó nem piedade, é sempre a abrir!



Já havia muita mosca chata e uns agricultores simpáticos que quase viravam o tractor ou pickup para nos deixar passar! Fui sempre com um sorriso na face até à Valada. Pelo caminho encontrei 3 bicicletas carregadas e paradas num café! Não parei. Estranho, mas algo me impelia para a Valada, para uma banhoca no rio e não dava para parar. Lá dei à campaínha e acenei. Hei-de apanhá-los pelo caminho, pensei.

Chegado à Valada já se tinha levantado um vento desagradável e ficou muito nublado! Procurei un sítio porreiro para tomar banho. O número de moscas era insuportável, o vento roçava o irritante e as nuvens tiravam a "pica" do banho. Bolas, eram 14h00m e tinha feito 100Kms, vou ao menos beber uma coca-cola com limão em resposta ao estímulo da modelo dos outdoors. Comi uma sopa e uma talhada de melão, bebi uma coca-cola E NÃO HAVIA LIMÃO! Raios, assim a coca-cola não me soube bem. Mas soube o resto e a "jibóia" estava a subir. UI, uma sesta agora sabia mesmo bem. A mim e ao senhor "bigodudo" que estava na outra mesa que estava a marcar uma carrada de golos de cabeça ahah.

Fui para o recinto da praia fluvial para me esticar. Não consegui, as moscas estavam moles e chatas. Continuei caminho devagar, devagarinho. Cruzei-me com 4 miudos de bicla que me perguntavam se eu queria trocar de bicla. "Pelas quatro?" - perguntei. "As 4? e ficávamos apeados??" - responderam. ahaha.


Siga que estava a rolar confortável. Parei num campo cheio de fardos de palha com Santarém ao fundo. Deitei-me num fardo e estava confortável. Aqui havia menosmoscas e as que haviam eram mais toleráveis que as da Valada. Ainda arrochei uma boa meia-hora até aparecer um tractor de...adivinham? Sim, de recolha de fardos de palha.


Nos tais relatos do caminho que lera na net sabia que o caminho em Santarém estava mal marcado ou era mesmo ausente, e que não era fácil segui-lo perguntando aos locais. Comecei a subir para a cidade depois de uma passagem inferior em Omnias, quando surpresa das surpresas encontro uma seta amarela!Uma alma caridosa encarregou-se de marcar o caminho para eliminar esta grande lacuna! Fui seguindo as setas e às tantas parecia que estava a fazer um percurso turístico pela cidade e ia em direcção às portas do sol. Tinha feito aquele percurso na passagem do ano, o que me dava uma sensação de déjà vu brutal. Comecei a duvidar do real objectivo das setas e já pensava no exemplo do camiño de Santiago onde váriaslocalidades se "pelean" para que o camiño percorra as suas ruas. Ao chegar às portas das portas do sol, as setas levam-me até a um arco gótico onde uma tabuleta indicava de que estava na porta de santiago e que o que se seguia era o caminho medieval de Santiago e Salinas! Olha...peguei um caminho antigo para Compostela, será?




Sei que o caminho começou a descer abruptamente enquanto se entrava numa mata. O caminho eradigno de uma prova de downhill de BTT e estava a ser limpo por funcionários da Câmara. Fui ter quase ao mesmo sítio de onde tinha entrado em Santarém. Estava perto da "praia de Santarém". Continuei a seguir as setas e voltei-me a perder delas e estava de novo a entrar em Santarém. Ui.


Voltei a subir e fui andando até pegar uma estrada que foi dar à fábrica de cerveja do Sousa Cintra, após ter perguntado a um bombeiro se estava nos caminhos de Fátima. Fui dar a uma rotunda. No mapa podia optar pela N3 ou por outra bem mais pequena e cénica. Optei por esta última até porque no mapa dos caminhos de Fátima que eu tinha haviam 2 paralelos, um pela N3 e outro pelas aldeinhas e uma delas situava-se no meio das duas estradas. Ainda liguei ao Ivo para confirmar isto e acabei por seguir. Em Amiais de baixo, confirmaram-me que era por ali o caminho e lá encontrei um marco.


A partir daqui o caminho é extremamente agradável, por estradões, casas isoladas e algumas aldeias. O sol estava quase a descer e tinha que procurar lugar para dormir. Após conversa com um taberneiro fiz 2 Kms para trás numa estrada de alcatrão para tentar encontrar uma igreja. Ao estranhar não encontrar a igreja perguntei a uns senhores que estavam a vender melão pela terra indicada. Foi-me dito que não existia!! Contei-lhes que estava a fazer o caminho e que queria encontrar um lugar para dormir. Apontaram-me um clube de tiro que alugava quartos. "Alugar quarto? Para mim basta um cantinho para montar a tenda" - respondi. "Ai é? então fica já aqui". O sr. António de D. Fernando foi um porreiraço. Deixou-me montar a tenda atrás de umas paletes de melão para me proteger do vento. Ajudei-o a carregar umas quantas paletes de melão num camião e depois fui montar a tenda e fazer o jantar. Ofereceu-me melão equeijo fresco da vizinha. Pôs-me à vontade para usar a àgua de uma fonte comunitária que até tinha as contas da àgua escrita a lápis num papel lá colado. 5 estrelas.


Pouco depois chega o meu cunhado de carro com a minha cunhada e sobrinho. Tirámos a bicla do tecto e montámos os alforges. Despedímo-nos da malta e o Tó foi montar a tenda e fazer o seu jantar. Á noite fomos visitar D. Fernado, beber um cafézinho e uma ginja e ver uma competição de chinquilho.Isto rodeado de uma paisagem brutal de luzes imensas e uma esfera celeste simplesmente espectacular! Tinha feito 140Kms, estava cansado, mas altamente satisfeito. Toca a dormir que amanhã há mais.

Caminho do Tejo - dia 2

Estava mesmo derreado e dormi que nem um anjo! Acordei de manhã e o Tó já estava a "empacotar" a tralha. Tinha ficado mal disposto depois do jantar e ainda andou a percorrer a estrada de noite todo encarapuçado!! Era só ver carros a fugir ehehe.





Despachei-me e pusémo-nos a andar, agradecendo ao Sr. António que já se preparava para carregar mais melão! "Voltem sempre" - rematou. Sangue bom. Voltei atrás os kilómetros que tinha percorrido para voltar ao caminho. Entrámos logo num estradão. Estava um dia claro e sentíamos a paz daqueles caminhos: excelentes e muito bem marcados. O Tó começava a ambientar-se à coisa de seguir setas no meio do nada. Apanhámos várias aldeias pelo caminho e descortinávamos a serra dos Candeeiros lá ao fundo e a do Aire ainda mais longe. Mas pelo meio havia ainda uma colina com uns moinhos no topo, o que me fez desconfiar de que iríamos subir não tarda. E não é que estava correcto? eheh




Subidas íngremes onde os Vittoria Randonneur me traíram a meio, resvalando para o fundo do rego e onde o Tó estava, inteligentemente, decidido a não esticar a corda mais do que devia. Foi doseando o esforço, como que adivinhando o que viria a seguir. Tirada a foto da praxe de cima do marco geodésico ao lado de um dos moinhos fomos seguindo.


Num cruzamento apanhámos pela primeira vez uma alternativa ao caminho! Seguímos o marco que tinha as 2 setas, uma azul e outra amarela, que correspondia a muitos dos marcos que tinhamos vindo a seguir. A outra opção tinha um "A" gravado, o que nos fez pensar em alternativa. (Cheira-me que é uma opção mais "estradista"). Mais estradões muito apetecíveis com algumas descidas mais técnicas. Até encontrarmos outra vez o alcatrão. Chegámos perto de Amiais de Cima num cruzamento onde mais uma vez apanhámos 2 marcos. Evitámos o marco "A" e seguímos para a direita, o que vendo no mapa nos ia levar para trás, mas pensava eu para uma travessia do Alviela no meio do campo.


A estrada convidou a acelerar com uma descida acentuada e bom tapete, e por acaso deu-me curiosidade para "cuscar" uma praia fluvial assinalada. O Marco estava lá mas muito escondido! Era a desconfiada passagem do Alviela, e mais uma vez apanhava uma praia fluvial numa altura em que não estava com grande vontade de me banhar!



Seguímos por mais estradões até Monsanto. Nesta bela localidade parámos num café espectacular, com aspecto antigo mas preservado onde uma bonita rapariga nos serviu dois cafés e duas fatias de um bolo de noz. Quase perfeito ou quê? Enchêmos os cantis e preparámo-nos mentalmente para a travessia até Minde, do outro lado do maciço rochoso que se encontrava mesmo à nossa frente!

A partir daqui até ao Covão do feto é estrada, sobe e desce, curva contra curva, agradável. No Covão, o do Feto pois aqui há muita terra chamada covão, o caminho embica para o topo e é uma subida extremamente inclinada até à estrada principal que sobe a serra. Mais uma vez o Tó decide levar a ginga a pé, numa de dosear o esforço, já eu prefiro colocar a mudança "sobe paredes" e vou aos zig-zagues pedalando sem esforço.
Já na estrada principal decido parar e esperar pelo meu cunhado quando reparo que um marco mais em frente aponta para o mato. Mas não me parece ver nenhum caminho e decido explorar. Não é que o caminho aponta para um caminho de cabras, com autênticos degraus de pedra e bordejado de Azevinho ou Carrasco ou como aquela coisa que pica que se farta se chama? O que vale é que também estava pejado de oregãos que dão um cheirinho espectacular à coisa.



Lá seguímos a pé a acartar as nossas biclas, também carregadas. Devemos ter feito 1 Km em vez dos 4 Kms da estrada, isto numa hora de esforço que marcou o caminho. De tal maneira que lhe chamámos o "MINDE EPIC". Só para homens de barba rija e latas de salsicha nos alforges. AahahAh pois é, o Tó andava a carregar latas de salsicha, aquelas coisas levezinhas e práticas num dos alforges.


De salientar que este caminho está cheio de lixo. São tantas as garrafas de àgua vazias que envergonha o mais badalhoco dos trekkers, ciclistas, peregrinos ou lá o que pode passar por cá! Shame on you!

Descemos para Minde a aproveitar o vento na cara e quase nos espetávamos numa curva perigosa. Na descida há um caminho alternativo para quem vai a pé pelo meio dos arbustos, mas o caminho aconselhado para as biclas é seguindo o alcatrão. Por uns 300 metros decidimos seguir em frente pois estávamos já bem arranhados para contar a história. Na vila perguntámos a um Bombeiro onde se podia comer bem e barato ao qual ele respondeu que naquele dia só no covão do Coelho, que era a caminho de Fátima. Então decidimos seguir o caminho até essa terra. Aqui as subidas também eram jeitosas e ambos nos ressentíamos de alguns músculos não pelo ciclismo mas mais pelo "Minde Epic". O caminho mete-se por atalhos pelo meio do mato e estávamos a ver que nunca mais.

Parámos no largo da igreja e o Tó só desejava ver-se livre das salsichas. Cozinhámo-las ali num refogadito, com massa, milho e fruta. A vontade de largar lastro era tal que o Tó queria trocar umas latas de salsicha pelas bicas no café local ahhaha. Dormímos uma sesta bem merecida mas que as moscas e o sino da igreja não nos deixaram.

Seguímos caminho. Aqui apresentam-nos a alternativa de seguirmos por alcatrão (Fátima caminho bom) ou por trilhos na serra (Fátima caminho irregular). Dúvidas? Siga pelo mato. Andámos em trilhos onde alguém se lembrou de colocar brita, concerteza para que não levantasse pó. Uma mensagem para esse(s) senhor(es): "A brita não ajuda nada nem quem vai a pé nem quem vai de bicicleta!". O que vale é que passado uns 4 kms ela desaparece. A paisagem é típica daquela zona, cheia de pedras e muros de pedra. Aqui os marcos vão marcando os kms até ao santuário, o que por vezes é uma beca chato. A meio íamos perdendo o rasto deles pois alguém abriu um novo trilho a buldozer e obviamente não existe lá marco. Mas vimos um lá ao fundo que nos despertou a curiosidade, isso e uma coisa brilhante que se revelou ser uma porta de um carro! Ali, no meio do nada...


Aqui já pedalava quase só com a perna direita pois sentia uma dor aguda no joelho esquerdo. Os últimos Kilómetros são percorridos por entre aldeias muito pitorescas e passamos a A1 por um túnel e o caminho acaba mesmo num dos parques que rodeiam o santuário. Reparámos na quantidade de pessoal acampada nestes parques e ficámos contentes por não termos vindo no fim-de-semana de 15 de Agosto. Havia de estar lindo, nessa data.

Fomos até ao Santuário, onde o Tó passou a acreditar no poder divino após ter levado duas vezes com o pedal na canela seguidos de duas piadas. Pelo sim pelo não já só disse umas piadas fora daquele recinto! eheh


Fomos a uma farmácia comprar um creme anti-inflamatório e decidímos não seguir naquela noite para Tomar devido à dor que sentia. Jantámos no restaurante de um benfiquista ferrenho, onde o Tó emborcou uma Imperial à Benfica. De salientar de que este restaurante fica na parte mais "albufeira" de Fátima, onde tudo é caro e não abona a favor da boa fama daquela zona no centro do país. Num próximo passeio temos de ir comer a um restaurante sportinguista para lhe retribuir este jantar eheheh.


Fomos montar a tenda ao lado das demais nos parques e adormecemos junto das carradas de famílias de devotos que por cá acampavam e não podiam ou não queriam estoirar fortunas em dormida e/ou comida nos estabelecimentos locais. À noite ainda assistímos a uma procissão das velas e ala que se faz tarde.


Caminho do Tejo - dia 3

Acordámos às 7h00 com um chorrilho de badaladas que tocava mesmo ao lado dos nossos ouvidos. Desmanchámos campo e fomos tomar o pequeno almoço. Caímos no erro de ir a um café mesmo no centro, pelo que fomos enganados: o café estava péssimo, um bolo era intragável e o pão do dia anterior. Um brasileiro que queria fazer o camiño Português desde o Porto fez-nos umas quantas perguntas acerca dos pneus, material e pouco mais.
Uns kilómetros mais à frente, em Vila Nova de Ourém por exemplo tinhamos sido mais bem servidos e por menos dinheiro, seguramente! Quem tem a perder são eles, que não me vêem lá mais nenhuma vez! Seguímos em direcção a Tomar onde um almoço familiar nos esperava. Ou melhor, como chegámos primeiro nós é que esperámos eheh. À saída da Cova da Iria, mesmo a entrar na vila de Fátima o Tó furou, ou melhor apercebeu-se de que tinha rasgado o pipo. Ele saltou, cortado pela base. Trocámos a câmara de ar num ápice e fizémo-nos ao caminho. A estrada até Ourém é a descer e o tapete é muito bom. Percurso rolante e cénico pois avista-se o castelo ao longe.
A partir daqui é uma sequência de sobe e desce por uma nacional que nos levou mesmo ao centro de Tomar onde nos refastelámos na relva de um jardim à beira do Nabão à espera das nossas mulheres.
E foi assim que acabou esta primeira etapa de um circuito de muitas viajens que planeio fazer com a Timberlina e quem me quiser acompanhar!
Um abraço